segunda-feira, 18 de julho de 2011

Banhos perigosos no Douro devido aos níveis de poluição

Com o título em epígrafe, publicava o Jornal de Notícias na sua edição do passado domingo, 17 de Julho, um artigo em que se dava conta dos alertas do hidrobiólogo Adriano Bordalo e Sá.
De acordo com aquele investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, 53% da Península Ibérica está a drenar para o território português através do rio Douro. A poluição tem como origem a agricultura espanhola e os esgotos urbanos portugueses.
"Quando o Douro entra em Portugal apresenta-se muito poluído de nitratos e fosfatos provenientes da actividade agrícola intensiva nomeadamente em 500 mil hectares de regadio em Espanha. Mas, na parte portuguesa, o principal problema é a poluição fecal, já que, ao contrário do que determinam as directivas europeias, muitas das nossas povoações continuam a drenar as suas águas residuais para o rio Douro ou através dos afluentes".
Mais adiante a notícia aponta mais um dado:à medida que nos deslocamos desde a entrada das águas em Portugal para a foz do rio, a poluição por esgotos vai aumentando progressivamente.A principal preocupação continua a residir junto ao estuário, onde está concentrado o grosso da população.

Aliás, já em Junho de 2006, Adriano Bordalo e Sá tinha divulgado, no acto de constituição do Movimento na JF Rio Tinto, parte das conclusões da 1ª Fase de Avaliação da Qualidade da Água no Estuário do Douro,projecto de investigação em que colaborou, aí constando, preto no branco, que:
1) a qualidade da água é influenciada pelo caudal e regime de marés;
2) o estuário apresenta um nível de contaminação fecal elevado;  
3) a contaminação é maior no estuário médio e inferior, ou seja, do Freixo para a barra.

Adiantava um número de prevalência de coliformes fecais assustador: cerca de duzentas vezes superior ao admíssivel legalmente.
Os níveis de contaminação fecal na água foram, no estuário médio e inferior, e continuam a estar bastante acima do que se pode permitir para águas balneares, piorando em direcção à foz. De salientar o facto de se manter sem resolução a poluição do rio Tinto, com a drenagem do efluente da ETAR de Rio Tinto no rio e a jusante desta, com sucessivas descargas de esgoto, confirmando que um dos principais problemas de poluição do estuário continua a estar ligado a essas descargas, oriundas de linhas de água que substituem o saneamento básico e o tratamento adequado dos esgotos urbanos.

Estas preocupantes notícias comprovam a necessidade de continuarmos a nossa luta em prol da resolução eficaz dos problemas que a incúria, a inacção, o desinteresse de variados responsáveis, vão mantendo, interferindo, gravosamente, na qualidade do nosso património natural e na qualidade de vida dos cidadãos.

notícia completa (clicar sobre a imagem para a aumentar)