sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Um dia bom para o rio

Hoje de manhã, no Centro Cultural de Rio Tinto foi assinado o protocolo tendo em vista a candidatura do projeto de construção de um intersetor no nosso rio.

Este equipamento. que terá início junto do Centro de Saúde, permitirá conduzir efluentes poluidores, designadamente oriundos das ETARES do Meiral e Freixo até ao rio Douro.
Trata-se de uma solução que o Movimento em Defesa do Rio Tinto  defendia há vários anos, já que o caudal médio do nosso rio não consegue receber, sem danos, águas residuais ainda contaminadas. No rio Douro, dado o enorme volume de águas que transporta esses efeitos poluidores são facilmente disseminados e diluídos de modo a tornarem-se quase impercetíveis.
No passado, quando defendíamos esta solução, fomos, com frequência confrontados com reticências, "impossibilidades", até mesmo com um certo sarcasmo, sendo apelidados de "irrealistas".
Mas, como agora se demonstra, tínhamos razão em insistir na construção deste intersetor.Aliás, durante a presente cerimónia, o papel determinante da nossa ação foi destacado e realçado pelos diversos intervenientes. Ainda bem que teimámos e que finalmente fomos ouvidos.
Pela nossa voz, o rio manifesta a sua satisfação pelo facto de ter sido possível chegar a um consenso entre as Câmaras de Gondomar e do Porto, a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e ainda a Empresa de Águas do Município do Porto que permitiu avançar com esta candidatura, que envolve verbas superiores a 9 milhões de euros e que será sustentada em 85% por fundos comunitários sendo o restante pago pelas duas autarquias envolvidas.
A concretizar-se este equipamento permitirá uma considerável melhoria da qualidade das águas do rio Tinto que neste momento, como sublinhou o Ministro do Ambiente presente na cerimónia, é o mais degradado da região hidrográfica do norte.

Assim, estará dado um primeiro e decisivo passo no sentido da devolução do rio às populações. Mas muito mais há ainda a fazer como também foi dito pelas entidades presentes. Nomeadamente a eliminação de ligações de esgotos domésticos ao rio e monitorização e fiscalização permanentes de molde a evitarem-se novas agressões à qualidade deste bem natural.
Mas o facto de nos congratularmos com este "dia bom " para o rio e de saudarmos as entidades que finalmente se conjugaram para avançar com este importante projeto, não significa que deixemos de lado outras questões que reputamos como fundamentais, como. por exemplo, os erros que o novo Plano Diretor Municipal traz para a zona do Centro Cívico de Rio Tinto e que, ao dotar de capacidade construtiva terrenos que foram de reserva agrícola poderá inviabilizar de modo definitivo a reabilitação do troço do rio que corre perto e que foi sepultado por uma decisão condenável de contornos mais do que nebulosos assente em interesses imobiliários inconfessáveis.
Hoje manifestamos a nossa satisfação, mas continuaremos atentos.

Poderá ler aqui, uma reportagem mais desenvolvida da cerimónia que decorreu hoje.

1 comentário:

Carlos Duarte Magalhães disse...

Parabéns a cada um e a todos os que com o Movimento tem juntado forças pelo rio Tinto. Seguindo o curso normal, o intercetor de esgotos vai dar força ao rio Tinto e centrar a urgência da sua recuperação que, dia após dia, se torna evidente como possível, assim sejam dados os passos necessários.
Há muito que a população aspira pelo desentubamento onde possível do rio Tinto, por dar espaço e proteger áreas sensíveis, naturais e o seu património. Há muito que falamos em corrigir problemas, conter a construção junto às margens e criar um parque urbano digno do rio e da cidade a que pertencemos.
A projeção de construção do intercetor de esgotos é um bom exemplo de como uma ideia positiva e uma solução acabou por se impor com o tempo.
Continuemos por isso a exigir medidas para eliminar pontos de descarga no rio, melhorar a eficiência do saneamento e redes pluviais, implementar uma politica de monitorização e educação ambiental que não existe, recuperar espaço para o rio em zonas de construção ilegal renaturalizando-o.
Há que ter a coragem de não embarcar em decisões indignas de favorecimento de interesses imobiliários privados na zona mais simbólica da cidade e de importância ambiental elevada por se encontrar numa zona de depressão, de confluência de linhas de água e de alagamento, que está presentemente, debaixo de olho de interesses obscuros.
Temos de conseguir evitar que a cidade e os riotintenses percam a oportunidade de uma vida e de continuar a fazer história sobre a longuíssima história do rio Tinto.
Vamos continuar a juntar forças para que não se cometam mais "erros crassos".
Viva o rio Tinto!